Sindicato denuncia afastamento de 200 trabalhadores da Arena PE

Cerca de 200 trabalhadores que atuam na construção da Arena Pernambuco, estádio que está sendo erguido em São Lourenço da Mata para sediar a Copa do Mundo de 2014, teriam sido demitidos pela Odebrecht em represália à greve dos operários e aos protestos ocorridos em frente ao canteiro de obras, na semana passada. A denúncia foi feita pela pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplanagem em Geral (Sintepav-PE) à Folha de Pernambuco Digital. A informação, no entanto, foi desmentida pela assessoria da construtora.

A categoria diz ter sido pega de surpresa com os desligamentos e afirma que irá tomar providências junto à Justiça. “Os trabalhadores estão sendo impedidos de exercer o direito de fazer a greve. Vamos entrar com uma ação de danos para assegurar o direito dos trabalhadores”, informou o assessor do Sintepav-PE, Rogério Rocha. Apesar das demissões, Rogério disse que as atividades no canteiro de obras seguem normalmente nesta terça-feira, mas afirmou que novas mobilizações podem acontecer em breve. “Pode até não acontecer nada agora, mas vai acontecer mais para frente”, ameaçou. No início da noite, porém, Rogério disse que os operários desligados estariam sendo readmitidos pela Obebrecht, informação também não confirmada pela construtora.

A Folha de Pernambuco Digital conseguiu falar com um dos trabalhadores que teriam sido demitidos pela Odebrecht, nesta segunda-feira. O montador Isaías Sebastião Silva,  22, conhecido na obra como “Gago”, disse que recebeu a notícia da demissão por um encarregado de obra, no momento em que chegava ao local de trabalho, por volta das 8h. “Eu e outros colegas meus entramos na obra, demos baixa em alguns documentos e fomos informados que deveríamos retornar no dia 16 para concluir a rescisão do contrato”, relata Isaías, que disse ter participado das mobilizações da última semana. “Todos que participaram da greve eles estão tirando. Quem não participou, está trabalhando normalmente”, informa.

Na última quinta-feira, a Odebrecht protocolou junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, um pedido para que a greve dos operários da Arena - entre pedreiros, carpinteiros e operários de máquinas - fosse declarada abusiva. O resultado do julgamento, que seria apresentado hoje, não foi divulgado pelo TRT. A reportagem tentou contato com a assessoria do órgão, sem sucesso. Segundo Leodelson Bastos, que também representa o Sintepav, a Odebrecht teria feito um pedido ao Tribunal para conceder um prazo de cinco dias, para que seja reaberta uma nova janela de negociação com a categoria. A construtora, no entanto, disse que o julgamento sobre a legalidade ou não da greve ocorreu, mas que terá o seu resultado divulgado apenas nesta terça-feira.

A mobilização dos trabalhadores da Arena Pernambuco, iniciada há sete dias, reivindica a saída do coronel Eduardo Fonseca, chefe de segurança da obra, e a reintegração de dois integrantes da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) demitidos há cerca de duas semanas. Os ânimos se acirraram na semana passada, quando um carro de som, preparado pelos manifestantes, foi impedido pelos agentes do 20° Batalhão da Polícia Militar de auxiliar no protesto. Um ônibus que trazia funcionários da obra foram barrados pelos manifestantes e não puderam entrar no canteiro de obras. Policiais usaram sprays de pimenta e agrediram alguns trabalhadores, no intuito de efetuar o desbloqueio da via, às margens da BR-408. O Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque) também foi acionado para conter os ânimos. Três funcionários da obra precisaram ser encaminhados para a Unidade de Pronto após o tumulto.
Por Geison Macedo
Folha de Pernambuco Digital
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Autor Fabio

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