Por uma política esportiva para o Recife


I- Esclareço, antecipadamente, que não quero emprego, cargo na prefeitura e não tenho qualquer outra intenção escusa. Quero apenas contribuir para que tenhamos uma política esportiva em nossa cidade.
II- O Brasil nunca teve uma política esportiva que contemplasse a formação de atletas olímpicos e paraolímpicos. Pernambuco muito menos. Recife não precisa nem comentar.
III- Lamento, profundamente, o fato de o esporte não ser prioridade no Brasil, em Pernambuco, e muito menos em nossa cidade. Estudos de diversos órgãos internacionais como ONU, UNESCO, Organização Mundial de Saúde, comprovam que investir em esporte é economizar gastos com saúde, educação e segurança.
IV- Na cidade do Recife não temos locais de treinamento e /ou formação de atletas. O Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães está abandonado. As escolinhas do Geraldão são organizadas por instrutores não federados, alguns não são formados em Educação Física, algumas modalidades não são reconhecidas ou vinculadas ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), entidade máxima do esporte nacional.
V- Não temos mais grandes eventos esportivos em nossa cidade. Jogos da seleção brasileira de voleibol, campeonatos internacionais de judô, karatê, atletismo, natação, entre outras modalidades.
VI- O pentatlo moderno de Pernambuco é referência no Brasil, mas não temos estrutura para realizar sequer um campeonato nacional. Formamos bons nadadores, mas não temos NENHUM complexo aquático público no Recife.
VII- As pistas de atletismo estão abandonadas. Na realidade não temos pistas. Nossos atletas treinam na “pista” do IFPE (antigo CEFET), UFPE, Quartel do Derby e Santos Dumont. Nesses locais há apenas espaço de areia para correr, o que compromete bastante o treinamento.
VIII- O que temos em Pernambuco e no Recife são alguns técnicos e presidentes de federações abnegados. Alguns clubes e federações que cuidam da preparação dos nossos campeões sem auxílio do poder público. As sedes desses clubes e federações são na grande maioria das vezes a residência dos técnicos e presidentes. Estruturas amadoras, mas que, devido ao enorme esforço, amor e conhecimento, obtemos alguns bons resultados para o Recife e para Pernambuco.
IX- O caminho é prover as escolas de meios que possibilitem a identificação ainda na infância de futuros conquistadores de medalhas e, se não for possível formar um atleta, certamente o dinheiro investido foi útil para evitar o surgimento de um usuário de droga e/ou criminoso.
X- Infelizmente, não há ações governamentais para ajudar nesse processo. Capacitar nossos técnicos, atletas e gestores. Realizar intercâmbio com os principais centros mundiais da ginástica, ciclismo, tae kwon do e demais esportes. Após as Olimpíadas, ouvimos as mesmas desculpas, promessas e cobranças dos atletas, técnicos e imprensa. O Brasil está longe de ser uma potência olímpica, Pernambuco está distante de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais, entre outros.
XI- Recife, mesmo sendo a principal cidade do esporte pernambucano, está muito distante das grandes cidades brasileiras e se compararmos aos principais centros do mundo podemos afirmar que, aqui, não há esporte.
XII- Quando olhamos o quadro de medalhas das Olimpíadas nos assustamos com a quantidade de medalhas de China, EUA, Rússia, Japão, Cuba. Esses países, porém, têm um modelo de política esportiva e quando olhamos para nosso país observamos que podemos adotar todos esses modelos aqui porque nosso país é grande em todos os quesitos.
XIII- No Japão, por exemplo, o esporte é desenvolvido (em sua maior parte) com os trabalhadores das indústrias e é lá que são detectados os novos talentos no esporte japonês. Na China, Rússia e Cuba o esporte é amparado pelo governo e nesse caso o atleta deixa de ser amador para ser profissional trabalhando para o governo. O atleta é um servidor público.
XIV – O modelo norte-americano é baseado nos jogos universitários, onde os futuros atletas olímpicos são amparados pelas universidades em troca de bolsa de estudo e boas remunerações. No Brasil temos inúmeras indústrias que podem apoiar o esporte. Não o apoio a um ou dois atletas renomados para fazer marketing da empresa, mas sim apoiar os próprios funcionários para que pratiquem esporte e fazer competições esportivas dentro das empresas para assim detectar os talentos e também a aquisição de hábitos saudáveis de vida entre os trabalhadores.
XV- Poucos colégios e faculdades brasileiras investem na prática esportiva. Nossos jogos escolares e universitários são carentes de quantidade e qualidade. Os principais atletas estão longe da faculdade, pois precisam trabalhar, sustentar famílias e treinar.
XIV- As escolas públicas do Recife não oferecem opção de esportes. É imprescindível escola em tempo integral e esportes variados no contra-turno. Xadrez, judô, natação, handebol, entre outros. O esporte de rendimento deve ser apoiado e incentivado em nossa cidade, mas é preciso entender o esporte em todas as suas dimensões.
XVII- O esporte contribui com a saúde, segurança, educação, entre outras. Os gestores precisam entender que o esporte é uma ferramenta de inclusão social, cria oportunidades para as crianças, adolescentes, idosos e demais praticantes. A função do esporte não é política, mas social.
XVIII- Precisamos é dar uma alternativa àqueles que veem no crime ou no tráfico a saída que o Estado não oferece. Esporte nas escolas, construção de quadras poliesportivas em todas as escolas públicas, campeonatos nos bairros e comunidades, escolinhas gratuitas para a população. Realização de concursos públicos para todas as secretarias para valorizar os melhores e mais preparados. Precisamos incluir os professores de educação física em todos os PSF, construir centros de treinamento nas seis RPA do Recife.
XIX – Acabaremos descobrindo talentos e formaremos também atletas. Não há necessidade de gastar exorbitantes verbas públicas para treinar superatletas; o percentual maior do dinheiro tem de ser usado para formar cidadãos. O poder público deve atrair a iniciativa privada para investir no alto rendimento, contudo não pode abandonar nossos atletas, especialmente quando não dispuserem de patrocínios.
XX- As empresas RECIFENSES podem adotar um esporte e investir. Comprar materiais de treinamento, remunerar técnicos, investir em instalações e equipamentos. A Prefeitura da Cidade do Recife deve ser muito mais atuante na política esportiva. Deve ajudar as federações e clubes com sede na cidade a firmar contratos de longo prazo com as empresas situadas em nossa cidade.
XXI- Os atletas, clubes e federações são altamente dependentes do Poder Público. Isso é péssimo, pois a liberação de verbas é sempre condicionado a apoio político. Essas são algumas de minhas sugestões para começarmos uma política esportiva em Recife.
* Lúcio Francisco Antunes Beltrão Neto é advogado
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Autor Fabio

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