A união entre o Rede Sustentabilidade e o PSB, celebrada há pouco mais de dez dias, recebe diariamente questionamentos sobre os pontos de convergência que os ligaram e, sobretudo, os elementos que indicam contradições claras. E as alianças celebradas pelo PSB, não só aquelas que já vislumbram a eleição do próximo ano, como as que contribuíram para as vitórias eleitorais do partido, incluindo em Pernambuco nas últimas eleições, seguem como uma peça que não se encaixa no tão exaltado discurso da nova política, repetidamente levantado pela recém-formada dupla Eduardo Campos/Marina Silva.
Durante a passagem da ex-ministra por Pernambuco, na última segunda-feira (14), boa parte da coletiva de imprensa cedida por ela foi marcada por um desconhecimento impressionante dos arranjos político-eleitorais já materializados pelo PSB. Marina, no entanto, preferiu focar no discurso da ressignificação da política de aliança adotada pelo partido, com ênfase na fé de que o novo momento do Brasil terá poder de produzir as mudanças necessárias.
A ex-ministra fez questão de mostrar que tem esperança na construção de um novo modelo – o tal do sonhático – com uma participação firme do governador Eduardo Campos (PSB) na condução desse processo. Ela revelou que enxerga nele a disposição necessária para uma transformação da política brasileira, mesmo que isso dependa da revisão de práticas adotadas pelo próprio gestor.
Contudo, é latente a reflexão de que o fato de o Rede Sustentabilidade não ter aceitado compor a direção do PSB é um sinal óbvio de que o grupo liderado por Marina Silva não quer se comprometer com determinadas posições que serão tomadas pelo seu atual abrigo partidário e vai, assim que puder, buscar um caminho só seu. Sem a constante agenda de explicações sobre o aliado/correligionário.
Essa postura do Rede indica uma visão pragmática – como entregou o subconsciente da própria Marina -, afinal há um fim eleitoral no seu horizonte: derrotar o PT. O que não impede, claro, a observação de muitas afinidades programáticas. Só que eles convivem com um verdadeiro abismo imposto pelo histórico de práticas políticas.
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